quarta-feira, 29 de agosto de 2012

FACEBOOK, MURO E VARAL


Junio Oliveira

A minha casa tem um muro e um varal. As pessoas passam na rua e conseguem ver o muro... sua cor, cartazes que alguém colocou ali (mesmo sem a minha permissão. Mas enfim, o muro está lá fora...então, está sujeito a isso), pichações... No muro da minha casa posso por recados, pendurar faixas, fazer o que eu quiser... Afinal, o muro é meu...
Converso com amigos encostado ao muro, do lado de fora da minha casa. Mas essas conversas são sobre assuntos sociais, futebol, festas, últimas noticias, dessa forma, quem quiser chegar e opinar, sempre será bem-vindo.
Mas as minhas conversas mais confidenciais, meus sonhos, ideais, assuntos familiares, chateações e tudo o que envolve meus sentimentos e minha vida pessoal e dos meus amigos, prefiro conversar do lado de dentro, atrás do muro, na segurança da minha casa. Em respeito ao outro e a todos os envolvidos na conversa. É mais pessoal.
A minha casa, como disse anteriormente, também tem um varal. Neste varal penduro minhas meias (às vezes furadas), calças surradas, bermudas, camisas desbotadas ou novas, roupas intimas... minhas toalhas...enfim, penduro neste varal coisas que certamente não penduraria no meu muro,  poderiam expor algo que não quero que outros vejam ( e nem há necessidade pra isso). Apenas quem eu permitir que entre além do portão poderá ver o que está no varal.
O Facebook tem um mural. Alguns confundem com varal. Sou fascinado com essa rede social, porém, fico surpreso ao ver como as pessoas se expõem, se encorajam, e ofendem umas as outras nessa ferramenta do Face.
Alguns já não são capazes de conversar pessoalmente e resolver as coisas frente a frente. Preferem usar o Facebook e compartilhar com todo o planeta sua insatisfação com alguém, com alguma coisa ou instituição. Outros colocam desde coisas banais como: “Arrotei”, até coisas confidenciais, intimas. Além de causar uma exposição desnecessária, facilita a ação de crimes como sequestro relâmpago!
Prefiro usar o mural do Facebook como um mural, não como um varal. Prefiro conversar com as pessoas pessoalmente. Prefiro falar a mandar recado.
Que você pense muito a partir de hoje na maneira que está entregando sua vida e sua intimidade aos outros por meio do Facebook.
Como disse Jesus, “não jogue pérolas aos outros”, eles não saberão valorizar.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Dinheiro, o privilégio de dar é maior que o de receber


O dinheiro é um bom servo, mas um péssimo patrão. Quando o dinheiro está sob nosso controle, ele é uma bênção; quando nos controla, é uma maldição. Muitas pessoas, dominadas pela ganância, casam-se, divorciam-se, matam e morrem por causa do dinheiro. O problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro nos ter. Não é possuí-lo, mas ser possuído por ele.
Vamos tratar sobre a contribuição cristã, a decisão de fazer do dinheiro um instrumento de bênção para os outros, em vez de fazer dele um instrumento para explorar os outros.
Antes de tratar do tema contribuição cristã, precisamos entender o contexto. No governo do imperador romano Cláudio, houve um período de grande fome em todo o mundo, fato esse profetizado por Ágabo (At 11.27,28). Nesse mesmo tempo os judeus que moravam em Roma foram expulsos (At 18.2) e uma pobreza assoladora atingiu os cristãos da Judeia. Os discípulos de Cristo em Antioquia, conforme as suas posses, enviaram socorro aos irmãos que moravam na Judeia por intermédio de Barnabé e Saulo (At 11.29,30). O apóstolo Paulo, ao ser enviado aos gentios, assumiu o compromisso de não se esquecer dos pobres, o que efetivamente esforçou-se por cumprir (Gl 2.9,10).
Durante suas viagens missionárias nas províncias da Macedônia, Acaia e Ásia Menor, o apóstolo esforçou-se para levantar uma oferta especial destinada aos pobres da Judeia (1Co 16.11-14; 2Co 8.1-24; 2Co 9.1-15). Deu testemunho à igreja de Roma acerca dessa oferta levantada pelos irmãos da Macedônia e Acaia destinada aos pobres dentre os santos que viviam em Jerusalém (Rm 15.27). Não só levantou essa oferta entre as igrejas gentílicas, como a entregou com fidelidade (At 24.16-18). O volume dessa oferta deve ter sido grande, uma vez que o próprio rei Félix esperava receber algum dinheiro de Paulo (At 24.25,26).
A contribuição cristã é uma prática bíblica, legítima e contemporânea. O homem é julgado pelo seu dinheiro tanto no reino deste mundo quanto no reino dos céus. O mundo pergunta: Quanto este indivíduo possui? Cristo pergunta: Como este homem usa o que tem? O mundo pensa, sobretudo, em ganhar dinheiro; Cristo fala da forma de dá-lo. E quando um homem doa, o mundo ainda pergunta: Quanto doou? Cristo pergunta: Como doou? O mundo leva em conta o dinheiro e sua quantidade; Cristo leva em conta o homem e os seus motivos. Nós perguntamos quanto um indivíduo doa. Cristo pergunta o que lhe resta. Nós olhamos a oferta. Cristo pergunta se a oferta foi um sacrifício.
Com respeito à contribuição cristã, há dois extremos que devem ser evitados: Em primeiro lugar, ocultar o tema. Há igrejas que jamais falam sobre dinheiro com medo de escandalizar as pessoas. Há aqueles que ainda hoje pensam que dinheiro é um tema indigno de ser tratado na igreja. O apóstolo Paulo não pensava assim. Ele, na verdade, assumiu o compromisso em seu apostolado de jamais esquecer-se dos pobres (Gl 2.10). Agora, está cumprindo sua promessa, fazendo um grande levantamento de ofertas para os pobres da Judeia.
Em segundo lugar, desvirtuar o tema. Há ainda o grande perigo de pedir dinheiro com motivações erradas e para finalidades duvidosas. Há muitos pregadores inescrupulosos que usam de artifícios mentirosos para arrancar dinheiro dos incautos a fim de abastecer-se. Há igrejas que usam métodos heterodoxos e escusos para fazer o levantamento de gordas ofertas destinadas não à existência dos necessitados, mas ao enriquecimento de obreiros fraudulentos. Paulo aborda vários princípios que devem reger a contribuição cristã.
A contribuição cristã é uma graça de Deus concedida à igreja
“Também, irmãos, vos fazendo conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia” (2Co 8.1). Paulo ensinou a igreja que contribuir é um ato de graça. Ele usou nove palavras diferentes para referir-se à oferta, mas a que emprega com mais frequência é graça.
Paulo dá testemunho à igreja de Corinto sobre a graça da contribuição que Deus concedeu às igrejas da Macedônia (Filipos, Tessalônica e Bereia). O propósito do apóstolo é estimular a igreja de Corinto que vivia numa região rica a crescer também nessa graça, uma vez que a generosidade dos macedônios, que viviam numa região pobre, era uma expressão da graça de Deus em suas vidas.
O apóstolo Paulo usa seis vezes a palavra graça em relação ao ato de contribuir (2Co 8.1,4,6,9,19; 9.14). A graça é um favor divino contrário ao merecimento humano. A graça de Deus é sua compaixão pelos que são indignos. Sua graça é maravilhosamente gratuita. Sempre é concedida sem levar em contra o mérito. Deus dedica sua vida a dar, e tem deleite em dar.
A contribuição, portanto, não é um favor que fazemos aos necessitados, mas um favor imerecido que Deus faz a nós. A graça é a força, o poder, a energia da vida cristã, como ela age em nós por intermédio do Espírito Santo. A graça ama e se regozija em dar e oferecer. Se temos graça de Deus em nós, ela se mostrará no que oferecemos aos outros. E em tudo o que dermos, devemos fazê-lo estando conscientes que é a graça de Deus que opera em nós.
A graça da contribuição é a atividade inspirada pela graça de Deus que nos leva a dar. Paulo sabia, também, que essa coleta levantada para os pobres da Judeia era uma dívida que os gentios tinham para com os judeus (Rm 15.27) e um fruto de sua vida cristã (Rm 15.28).
A igreja de Corinto havia assumido o compromisso de participar dessa oferta (1Co 16.1-4), mas embora manifestasse progresso em outras áreas (2Co 8.7) era lerda na prática dessa graça. Podemos ser zelosos em outras áreas da vida cristã e ser negligentes na área da generosidade. Podemos ser zelosos da doutrina, mas termos um coração insensível para socorrer os necessitados. A igreja de Corinto estava aparelhada de várias graças, mas estacionara no exercício da graça da contribuição.
A contribuição cristã é paradoxal em sua ação
Os crentes da Macedônia enfrentavam tribulação e pobreza. Eram perseguidos pelas pessoas e oprimidos pelas circunstâncias. Eram pressionados pela falta de quietude e pela falta de dinheiro. Essas duas situações adversas, entretanto, não os impediram de contribuir com generosidade e alegria (2Co 8.2).
Sob perseguições e na pobreza, a graça produziu na Macedônia “duas das mais adoráveis flores do caráter cristão: a alegria e a generosidade”. Dois paradoxos são aqui ventilados por Paulo:
Em primeiro lugar, tribulação versus alegria. “Porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria” (2Co 8.2). Os macedônios tinham muitas aflições. Eles foram implacavelmente perseguidos (At 16.20; Fp 1.28,29; 1Ts 1.6; 2.14), mas isso não impediu que eles contribuíssem com generosidade. Longe de capitularem à tristeza, a murmuração, a amargura, por causa da tribulação, os crentes macedônios exultavam com abundante alegria. A reação deles foi transcendental.
Muitas vezes, quando passamos por tribulações, perdemos a alegria e nos encolhemos pensando apenas em nós mesmos. Os macedônios mostraram que a alegria do crente não é apenas presença de coisas boas nem apenas ausência de coisas ruins. Nossa alegria não vem de fora, mas de dentro. Sua fonte não está nas circunstâncias, mas em Cristo.
Em segundo lugar, profunda pobreza versus grande riqueza: “[...] e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade” (2Co 8.2b). Os macedônios não ofertaram porque eram ricos, mas apesar de serem pobres. Eles eram pobres, mas enriqueciam a muitos; nada tinham, mas possuíam tudo (2Co 6.10). Não deram do que lhe sobejava, mas apesar do que lhes faltava. A extrema pobreza deles os impulsionou a serem ricos de generosidade. Eram generosos embora fossem também necessitados.
A expressão “profunda pobreza” significa “miséria absoluta” e descreve um mendigo que não tem coisa alguma, nem mesmo a esperança de receber algo. Embora a área da Macedônia, que incluía Filipos, Tessalônica e Bereia, fosse rica, os romanos haviam tomado posse das minas de ouro e prata, e controlavam o país, deixando-o pobre e sem união política.
O argumento de Paulo é que quando experimentamos a graça de Deus em nossa vida, não usamos as circunstancias difíceis como desculpa para deixar de contribuir.
A contribuição cristã é transcendente em sua oferta
Para encorajar os crentes de Corinto a crescerem na graça da contribuição, Paulo aborda dois exemplos de contribuição transcendente: a) O exemplo da doação humana, retratada na oferta sacrificial dos macedônios (2 Co 8.3-5) e b) o exemplo da doação de Cristo, fazendo-se pobre para nos fazer ricos (2Co 8.9). O exemplo da contribuição dos macedônios foi transcendente em três aspectos:
Em primeiro lugar, na disposição voluntária de dar além do esperado. “Porque eles, testemunho eu, na medida de suas posses e mesmo acima delas, se mostram voluntários.” (2Co 8.3). Os macedônios não deram apenas proporcionalmente, mas doaram acima de suas posses. Fizeram uma oferta sacrificial. É digno do destaque que eles contribuíram sacrificialmente num contexto de tribulação e pobreza. A oferta deles foi de fé, pois deram além de sua capacidade. Geralmente, os que mais contribuem não são os que mais têm, mas os que mais amam e os que mais confiam no Senhor. De um coração generoso sempre parte uma oferta sacrificial (1 Jo 3.16-18).
Em segundo lugar, na disposição de dar mesmo quando não é solicitado. “Pedindo-nos, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos.” (2 Co 8.4). Paulo usa nesse versículo três palavras magníficas: charis (graça), koinonia (participarem) e diakonia (assistência). A contribuição financeira era entendida como sendo um ministério cristão.
Os macedônios não contribuíram em resposta aos apelos humanos, mas como resultado da graça de Deus que lhes fora concedida. Não foi Paulo quem lhes rogou para contribuírem a favor dos pobres da Judéia; foram eles que rogaram a Paulo o privilégio de fazê-lo. Não foi iniciativa de Paulo pedir dinheiro aos macedônios para os pobres da Judéia, foi iniciativa dos macedônios oferecerem dinheiro a Paulo para assistirem os santos da Judéia. Os cristãos da Macedônia entenderam a verdade das palavras de Jesus: “Mais bem-aventurado é dar que receber.” (At 20.35).
Na vida cristã existem três motivações: 1) Você precisa fazer – é a lei; 2) Você deve fazer – é a responsabilidade moral; 3) Você quer fazer – é a graça.
Maria, irmã de Marta, ofertou com alegria ao Senhor o que tinha de melhor. Ofertou com espontaneidade, com prodigalidade e com mais santa e pura das motivações (Jo 12.1-3). O bom samaritano deu o melhor que tinha para alguém a quem nem mesmo conhecia. A graça nos liberta não apenas do pecado, mas também de nós mesmos. A graça de Deus abre nosso coração e nossa mão.
Em terceiro lugar, na disposição de dar a própria vida e não apenas dinheiro. “E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também se deram a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus.” (2 Co 8.5). Os macedônios não deram apenas uma prova de sua generosidade só existe quando há a entrega do próprio eu. Precisamos investir não apenas dinheiro, mas também vida. Precisamos dar não apenas nossos recursos, mas também nos mesmos.
Concordo com Jim Elliot, o mártir do cristianismo entre os índios do Equador: “Não é tolo aquele que dá o que não pode reter para ganhar o que não pode perder.” Quando perguntaram ao missionário Charles Studd, que deixara as glórias do mundo esportivo na Inglaterra para ser missionário na China, se não estava fazendo um sacrifício grande demais, ele respondeu: “Se Jesus Cristo é Deus e ele deu sua vida por mim, não há sacrifício tão grande que eu possa fazer por amor a ele”.
Os macedônios se deram ao Senhor e ao apóstolo Paulo antes de ofertarem aos santos da Judéia. Quando o nosso coração se abre, o nosso bolso se abre também. Antes de trazermos nossas ofertas, precisamos oferecer a nossa vida.
A contribuição cristã é progressiva em sua prática
Destacamos alguns pontos importantes. Em primeiro lugar, um bom começo não é garantia de progresso na contribuição: “O que nos levou a recomendar a Tito que, como começou, assim também complete esta graça entre vós” (2Co 8.6). Não somos o que prometemos, somos o que fazemos. Há uma grande diferença entre prometer e cumprir.
A igreja de Corinto manifestara um bom começo na área da contribuição, mas depois retrocedeu. Tito lhes é enviado para despertá-los para o crescimento também nessa graça. Não era suficiente apenas a boa intenção. As vitórias do passado não são suficientes para nos conduzir em triunfo no presente.
Em segundo lugar, progresso em outras áreas da vida cristã não é garantia de crescimento na generosidade: “Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça” (2Co 8.7).
A igreja de Corinto teve um expressivo progresso espiritual depois das exortações feitas pelo apóstolo Paulo na primeira carta. A igreja demonstrou progresso em quatro áreas: 1) Ela era ortodoxa – abundava em fé; 2) era evangelística – abundava em palavra; 3) era estudiosa – abundava em ciência; 4) era bem organizada – abundava em cuidado. Mas havia uma deficiência na igreja. Ela não estava crescendo na graça da generosidade, a graça da contribuição. Ainda hoje encontramos crentes cheios de fé, hábeis na Palavra, cultos e diligentes. Mas na contribuição são nulos.
Em terceiro lugar, não se assiste aos necessitados apenas com boas intenções. No ano anterior, os crentes de Corinto tinham iniciado não só a prática da contribuição como também o desejo sincero de prosseguir nessa graça (2Co 8.10). A prática tinha precedido o querer. Porém, agora por lhes faltar o querer, a prática estava inativa. Paulo, então, os encorajava a não ficarem apenas nas boas intenções, mas avançarem para uma prática efetiva. Não se assiste aos santos com boas intenções.
O apóstolo ainda escreve: “Completai, agora, a obra começada, para que, assim como revelastes prontidão no querer, assim a levais a termo, segundo as vossas posses.” (2Co 8.11).
A contribuição cristã não é resultado da pressão dos homens, mas do exemplo de Cristo
Há igrejas que estão desengavetando as indulgências da Idade Média e vendendo as bênçãos de Deus, cobrando taxas abusivas por seus serviços. Há igrejas que levantam dinheiro apenas para enriquecerem, lançando mão de metodologias opressivas. A igreja não pode imitar o mundo. Este enriquece tirando dos outros; o cristão enriquece doando aos outros. A contribuição cristã não deve ser compulsória. Não devemos contribuir por pressão psicológica. Contribuição cristã não é uma espécie de barganha com Deus. Paulo destaca duas motivações legítimas para a contribuição cristã:
Em primeiro lugar, a contribuição deve ser motivada pelo amor ao próximo. Ele diz que devemos contribuir não por constrangimento, mas espontaneamente, não com tristeza, mas com alegria, porque Deus ama a quem dá com alegria. E ainda diz: “Não vos falo na forma de mandamento…” (2Co 8.8a).
A motivação da generosidade da contribuição é o amor. Paulo prossegue: “[...] mas, para provar, pela diligencia de outros, a sinceridade do vosso amor.” (2Co 8.8b). Sem amor até mesmo nossas doações mais expressivas são pura hipocrisia. A natureza humana acaricia a hipocrisia, as motivações impróprias, a pretensão e a contribuição para ser vista pelos homens.
A mordomia cristã não é resultado da legislação eclesiástica, nem um esquema para arrancar o dinheiro dos homens. É a consequência natural de uma experiência com Deus, a reação natural do coração que foi tocado pelo Espírito Santo.
O apóstolo Paulo disse que podemos dar todos os nossos bens aos pobres, mas se isso não foi motivado pelo amor, não terá nenhum valor (1Co 13.3).[
Em segundo lugar, a contribuição é resultado do exemplo de Cristo. O apóstolo Paulo escreve: “Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2Co 8.9).
Cristo foi o maior exemplo de generosidade. Graça por graça. Damos dinheiro? Cristo deu a sua vida! Damos bens materiais? Ele nos deu a vida eterna. Sendo rico se fez pobre para nos fazer ricos. Esvaziou-se, deixando as glórias excelsas do céu para se fazer carne e habitar entre nós. Ele nasceu numa cidade pobre, numa família pobre e viveu como um homem pobre que não tinha onde reclinar a cabeça.
Jesus nasceu numa manjedoura, cresceu numa carpintaria e morreu numa cruz. Ele constitui para nós o exemplo máximo de generosidade. Se Cristo deu tudo por nós, inclusive a própria vida, para nos fazer ricos da sua graça; devemos, igualmente, oferecer nossa vida e nossos bens numa expressão de terna generosidade.
A contribuição cristã é proporcional na sua expressão
A contribuição cristã deve estar de acordo com a prosperidade (1Co 16.2) e segundo as posses (2Co 8.11). Não dá liberalmente quem não oferta proporcionalmente. Não dá com alegria quem não dá proporcionalmente. A proporção é a prova da sinceridade. Uma condição decorre da outra. Deus é o juiz. Jesus elogiou a pequena oferta da viúva pobre, dizendo que ela havia sido maior que a dos demais ofertantes. Os outros deram sobras; a oferta da viúva era sacrificial. Duas verdades devem ser destacadas aqui sobre a proporcionalidade da oferta.
Em primeiro lugar, a contribuição proporcional deve ser vista como um privilégio e não como um peso. “Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade” (2Co 8.13). Paulo propõe um privilégio e não um peso. Deve existir igualdade de bênçãos e igualdade de responsabilidades.
Não seria justo que só a Macedônia suportasse a despesa, como não seria conveniente que apenas ela desfrutasse da bênção de contribuir. Quando há proporcionalidade na oferta não há sobrecarga para ninguém. Quem muito recebe, muito pode dar. Quem pouco recebe, do pouco que tem ainda oferece uma oferta sacrificial. Devemos contribuir de acordo com a nossa renda para que Deus não torne a nossa renda de acordo com a nossa contribuição.
Em segundo lugar, a contribuição proporcional promove igualdade e não desequilíbrio. “Suprindo a vossa abundância, no presente, a falta daqueles, de modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa falta, e, assim, haja igualdade, como está escrito: “O que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta” (2Co 8.14,15). Os bens que Deus nos dá não são para ser acumulados, mas distribuídos.
Não devemos desperdiçar o que Deus nos concede nem acumular bens egoisticamente. Os que quiseram armazenar e guardar o maná, logo descobriram que isso não seria possível, pois o alimento se deterioraria e cheiraria mal (Êx 16.20). A lição é clara: devemos guardar o que precisamos e compartilhar o que podemos. A semente que multiplicará não é a que comemos, mas a que semeamos.
Hoje, suprimos a necessidade de alguém. Amanhã esse alguém poderá suprir a nossa necessidade. A vida dá muitas voltas. O provedor de hoje pode ser o necessitado de amanhã e o necessitado de hoje pode ser o provedor de amanhã. O bem que semeamos hoje colheremos amanhã. O próprio campo onde semeamos hoje se tornará a lavoura frutuosa que nos alimentará amanhã.
A contribuição cristã deve ser marcada por honestidade em sua administração
É preciso ter coração puro e mãos limpas para lidar com dinheiro. Há muitos obreiros que são desqualificados no ministério porque não lidam com transparência na área financeira. Judas Iscariotes, embora discípulo de Cristo, era ladrão. Sua maneira desonesta de lidar com o dinheiro o levou a vender Jesus por míseras trinta moedas de prata. Paulo mostra a necessidade de administrar com honestidade os recursos arrecadados na igreja. Destacaremos cinco pontos importantes.
Em primeiro lugar, a fidelidade de Paulo à sua promessa. Paulo assumiu o compromisso de cuidar dos pobres (Gl 2.10) e agora, afirma que ministrava essa graça da contribuição às igrejas (2Co 8.19). Promessa feita, promessa cumprida. O maior teólogo do cristianismo não separava evangelização da assistência aos necessitados.
Em segundo lugar, o propósito de Paulo em arrecadar ofertas. “[...] para a glória do próprio Senhor e para mostrar a nossa boa vontade” (2Co 8.19). O fim principal das ofertas levantadas entre as igrejas gentílicas era a glória de Cristo. Quando os santos são assistidos, o Senhor da igreja é glorificado. O propósito de Paulo não era reter o dinheiro arrecadado em suas mãos, mas demonstrar sua disposição em servir os santos.
Em terceiro lugar, o cuidado preventivo de Paulo. O apóstolo prossegue, dizendo: “Evitando, assim, que alguém nos acuse em face desta generosa dádiva administrada por nós” (2Co 8.20).
O apóstolo Paulo é diligente em despertar a igreja para contribuir, mas também é cuidadoso na forma de arrecadar as ofertas e administrá-las. Ele não lidava sozinho com dinheiro. Era acompanhado por Tito (2Co 8.16,17) e por mais dois irmãos altamente conceituados nas igrejas (2Co 8.18,22,23).
Em quarto lugar, a honestidade de Paulo. “Pois o que nos preocupa é procedermos honestamente, não só perante o Senhor, como também diante dos homens” (2Co 8.21). Paulo é íntegro e também prudente. Ele cuida da sua piedade e também da sua reputação. Não apenas age com transparência diante de Deus, como também com lisura diante dos homens. Não deixava brecha para suspeitas nem dava motivos para acusações levianas.
Em quinto lugar, os elogios de Paulo. Paulo elogia seus companheiros de ministério, especialmente aqueles que militam com ele no levantamento e administração dessa oferta (2Co 8.16-18,22-24) e também elogia a igreja (2Co 8.24). Ele tinha o dom de ver o lado positivo das coisas e das pessoas. O apóstolo não somente pensava o bem acerca das pessoas, como tinha a coragem de dizer isso para elas. Além de aliviar tensões, construía pontes de amizade. Suas palavras eram aspergidas pelo óleo terapêutico do encorajamento.
::Pr. Hernandes Dias Lopes

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